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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

ATENÇÃO ATENÇÃO ATENÇÃO ATENÇÃO

OLÁ A TODOS, GOSTARIA DE AVISAR QUE ESTE BLOG SAIRÁ DO AR EM BREVE,
SE VOCÊ GOSTA DO MEU TRABALHO, ACOMPANHE MEUS VERSOS NESTE NOVO ENDEREÇO >>>>>>


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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018








se despia 
como quem tira junto com as roupas
a importância das coisas  
e aqui dentro as regras eram outras
mesmo que por trinta ou quarenta minutos
não existia nada além de mim e você 
suspensos num espaço tempo só nosso
meus olhos se abriam espaçadamente
e se fechavam
que bonito você ali
me comendo a alma pelas beiradas.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018








trago no ombro todo o peso
das frustrações e felicidades 
vividas nos anos anteriores

e no  sorriso amarelado 
a leveza da crença
de que algo melhor 
está por vir.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017









este clima de final de ano me deixa mais introvertido que o normal, 
talvez seja por causa da obrigação de ser feliz que nos é imposta por onde transitamos.
você recebe um salário extra que poderá gastar com algo que normalmente o orçamento 
não permite, têm alguns dias de descanso do trabalho, jantar em família, ruas enfeitadas 
e iluminadas para o natal, tudo e todos aparentando estar cheios de vida e bondade.
compreendo que sem o valor simbólico das coisas nada seríamos, mas é que me sinto
deslocado de tudo isso, meu paladar parece não sentir o sabor de final de ano que é 
colocado em tudo que dezembro proporciona, tudo parece tão distante e forçado, as luzes
me ofuscam os olhos, as trilhas natalinas me irritam, os foguetes me angustiam, me sinto
levado por uma enchente forte e passageira, que carrega tudo e todos, deixando a ressaca de janeiro 
no seu rastro, mas ao menos existem os chocotones, esses sim fazem o clima de final de ano
ter algum sentido na minha vida.

domingo, 29 de outubro de 2017






não, não somos todos iguais
e também não devemos apenas celebrar a diversidade. 
é muito fácil se ausentar e unificar tudo numa massa homogênea, 
principalmente, ao dizer; somos todos iguais,
ou que a riqueza está na diversidade. 
seria mais justo perceber ou refletir sobre os motivos que geram a diversidade. 
o que nos difere uns dos outros? por que existem essas diferenças? 
elas são sociais, estéticas, biológicas, econômicas? 
enfim, não somos todos iguais, somos diferentes, 
e a riqueza está em perceber e negociar as diferenças 
que existem entre nós.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017





eu queria que a sua existência não me afetasse,
mas não consigo. quase tudo o que você faz
me desloca de mim mesmo. me sinto uma criança
engatinhando no meio de um furacão. eu que costumo 
ser tão forte e independente, em muitas situação me vejo
afligido pelo jeito que você não me olha, por tudo que não 
me diz, por não se importar comigo. queria que não,
mas você me desestabiliza, cada vez menos, mas ainda assim
você mexe com a minha paz. 

terça-feira, 8 de agosto de 2017






às vezes ouço pessoas dizendo
- entrei na universidade para melhorar
minha escrita, minha arte, minha poesia. 
que tolice, se é esse mesmo o objetivo, seria mais prático 
comprar dois gibis do tio patinhas, assistir desenho animado
plantar bananeira em praça pública e colocar bandeide 
nas rachaduras das paredes. 
ah, mas que verso bobo, alguns irão dizer
bobo mesmo, é achar que a liberdade da arte e da poesia 
está na academia.

quinta-feira, 6 de julho de 2017






o que é estar sozinho? sozinho num ônibus cheio, numa festa lotada, 
num relacionamento, em casa entocado no quarto enquanto a família 
finge ser feliz na sala de estar, sozinho consigo mesmo. enfim, o que é estar só? 
algo físico, ou uma mera sensação social? quase sempre veem a solidão como algo ruim, 
como uma mera ode ao isolamento, ou uma não adequação as convenções sociais. 
parecem não perceber que é na solidão que nos percebemos, é a partir do ato de estar só, 
que percebemos o outro e como ele nos afeta ou não, e principalmente, é a partir da 
solidão que percebemos tudo o que nos cerca. a solidão é uma sombra que nos
acompanha a todos os momentos de nossa vida, de uma viagem no ônibus-metrô até as
crises existenciais embaixo do chuveiro durante o banho. agora, o que fazemos com a
nossa solidão, essa seria a questão, como li uma vez, “armas não matam, quem mata são
as pessoas que as usam”, a solidão não é algo ruim, tudo depende de como ela está sendo
usada.  o que você faz da sua solidão, da sua própria companhia e das reflexões sobre si
mesmo, e de tudo que te cerca, que te move? esse é o ponto, é isso que determina se a
“solidão” será boa ou não para você. enfim, aproveite a sua solidão da melhor maneira possível. 

domingo, 25 de junho de 2017




na maioria das vezes
as pessoas não gostam de cuidar
ou compartilhar carinho
de lembrar do outro
de acompanhar, saber se está tudo bem
olhar nos ramos dos cabelos alheios
perceber se estão murchos
se os galhos dos braços estão secos e tristes
as pessoas não querem aguar a terra alheia
por isso elas criam cactos
eles não precisam de tantos cuidados
nem de proximidade e atenção
ficam lá quietinhos
todos saem "ganhando"
o cacto vive triste e isolado
e a pessoa tem uma planta para chamar de sua
mesmo que de longe.





no inverno algumas pessoas ficam mais elegantes outras morrem de frio.

segunda-feira, 12 de junho de 2017





se relacionar 
é complexo e doloroso 
seja consigo mesmo 
com sua família 
com uma animal de estimação 
ou com um amor (possível ou em concretização)
se fosse fácil
não se chamaria ser humano.

domingo, 11 de junho de 2017





planejamos um caminho
mas as dificuldades do percurso
nos proporcionou atalhos, porém
as coisas mais bonitas que vimos juntos
estavam nesses atalhos

não chegamos a lugar algum
e mesmo assim me sinto contente
de estar perdido ao lado de quem amo






já passei por tanta coisa ruim
que quando algo menos ruim me acontece 
parece até bom

sei que não é louvável 
pouco ou muito, conscientemente
ninguém gosta de sofrer

mas é que 
já passei por tanta coisa ruim
que as coisas ruins 
que estão me acontecendo nos últimos dias
nem parecem tão ruins assim. 

quinta-feira, 9 de março de 2017




é tão bom e triste visitar os lugares que frequentávamos, hoje sentei 
naquela pizzaria que sempre íamos juntos, foi estranho retornar lá 
sem você, lembro que nessa ocasião, nossos beijos eram regados 
a mussarela, tomate e orégano, sem cebola na minha parte e com muita 
na sua. outro lugar que sempre íamos juntos era o cinema de rua, quase 
nunca nos beijávamos lá dentro, ficávamos vidrados no filme, era bom 
ter sua mão segurando a minha, dava a sensação de aquecimento perante 
ao frio do ar condicionado. esses dias também ousei sentar numa das 
mesinhas de madeira da lanchonete onde semanalmente ficávamos com os 
sorrisos roxos de tanto comer açaí. que estranho, já se passaram tantos 
meses, mas parece que um pouco da gente ficou nesses lugares, 
no colchão onde dormíamos, nas paredes que assistiam nossas intimidades, 
nos objetos que compartilhávamos um com o outro, a gente existiu nessas coisas
todas, num passado que talvez não tenha sido tão bom quanto queríamos, 
mas que foi necessário, obrigado por tudo.

domingo, 5 de março de 2017





começo esse texto sentindo saudade sua, sabendo que você está longe, 
que geograficamente estamos distantes um do outro, que não podemos nos tocar, 
e sim, isso nos afeta, nos destrói, nos reconstrói. mas a distância nunca foi um problema,
de perto ou de longe, sempre nos constituímos na solidão compartilhada, no silêncio
agradável, na troca de energias e fluídos. sabendo que cada um de nós tem seus próprios
sonhos e objetivos, e que isso naturalmente nos faz trilhar caminhos diferentes, mas por
sorte temos conosco isso que costumam chamar de amor, que por sua vez se torna um
amenizador das angústias provocadas pela vontade de estar fisicamente juntos. confesso
que nunca fui bom com distâncias, elas me destroçam, nasci com obsessão pelo toque,
sempre quis pegar em tudo que acredito e desejo, sempre gostei do abraço
demorado/apertado, de sentir o calor do corpo alheio na pontas do dedo. acho que é por
isso que neste momento estou comprando uma passagem em destino a sua nova cidade.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017





eu gostei de você desde quando te conheci, já te falei isso,
quando estou tomando café, fico pensando que deveria ser
obrigatório que você estivesse perto, que você tomasse café
perto de mim. antigamente, eu lembrava de você por outras
ocasiões, mas hoje não, eu olho pro café quente, exalando fumaça,
e lembro do seu abraço quente e apertado. acho engraçado,
até sorrio só de pensar, como o amor se ressignifica e se esconde
nessas coisas mais simples, o ato de fazer um café, sentar para toma-lo
e sentir a falta sua.

domingo, 19 de fevereiro de 2017





que saudade de você dentro de mim ou seria eu dentro de você, 
não sei bem, parece que nessas horas nos tornamos um só. 
sem espaços para pensamentos aleatórios, parece que estamos suspensos 
sobre a órbita de um mundo paralelo, onde só existe nossos corpos, 
olhando para nós mesmos. tudo parece tão bom, que precisa acabar logo, 
pois essa sensação carece de pausas, nem tudo poderia ser tão delicioso para sempre. 
é o intervalo que nos faz querer mais, e mais, e mais um do outro.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017




queria morrer na curva dum poema
tipo ayrton senna 
morrer fazendo o que ama
com os desejos em dia
o tesão pulsando pelo corpo
sem meio termo, sem freio
um passo para o abismo
um passo para a eternidade 
mas sou covarde
escrevo isso 
entre o intervalo duma procrastinação
e um copo de café

no máximo
morrerei de tédio

sábado, 4 de fevereiro de 2017





nosso amor
foi pigarro
que carreguei comigo
entalado na garganta
não conseguia engolir, nem refutar
quando pensava que tinha me livrado
que tinha descido
percebia que ele ainda estava em mim
me falhava a voz
me coçava por dentro

um certo dia
ele desceu
amargo e necessário
abrindo espaço
para novos pigarros.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017





não caibo mais em mim, tudo o que sinto parece transbordar 
meus poros e orifícios. secreções, doenças, palavras, frases, 
risadas, desejos, grunhidos, gemidos, linguagens etc., 
se me calo por alguns segundos, parece que vou implodir 
de dentro para dentro. parece que a gravidade do peso da vida 
vai ganhando mais espaço com o passar dos dias, ocupando todos 
os cantos vazios dentro de mim, não me suporto mais, estou sopitando 
sensações, que vão além da frágil noção de bem e mal, as vezes 
quero tudo que sonhei, as vezes o que eu quero é desistir. 
ah, como sinto pena deste recipiente onde resido, 
será que ele vai suportar a instabilidade da minha existência? 

domingo, 29 de janeiro de 2017





deve ser muito triste ser hétero macho alfa pica das galáxias
ter a todo momento a sua frágil masculinidade colocada a prova 
precisar mostrar aos outros héteros e para a sociedade 
o quanto gosta de xota, o quanto sabe ser forte e quase que insensível 
demonstrar que azul é a cor mais fria, que homem nasceu pra ser "homem" 
e no fim, temer o toque alheio, o arrepio das possibilidades

não tenho nada contra héteros, até tenho amigos que são
na verdade eu sinto é pena, mas as vezes eles bem que merecem. 

sábado, 28 de janeiro de 2017





nós que nos achamos perdidos por aí
escolhemos nos compartilhar
e viajar do céu ao inferno todos os dias
tínhamos tudo pra dar errado
e estamos dando certERRADcerto

percebi que poderia ser amor 
por causa do silêncio
o nosso silêncio era diferente
ninguém tentava convencer ninguém
quando não tínhamos mais o que falar
nos calávamos e conversávamos com o corpo

percebi que poderia ser amor 
num dia desses que fiquei com vontade de te matar
acho que você também já quis me matar(sempre quer)
e aí do nada a vontade de matar 
vira vontade de dar carinho

quando estamos longe
sem sinal, sem wi-fi, sem tato
a cabeça virava uma bagunça
só eu, você e deus sabemos 
como é bom o gosto do reencontro 

me dividir com você me constrói, destrói e reconstrói
para no final estar mais forte ainda comigo mesmo

por alguns momentos esqueço de muitas coisas
vazio, solidão, angústia, cachaça, fumaça
e levo comigo muitas outras
felicidade, prazer, aconchego, amizade, vida
cachaça, fumaça

sempre nos amamos
cara aberta ou fechada
perna cruzada
ou entrelaçadas
tapas na minha cara
ou na sua bunda
um grito ou um leve sussurro
eu no céu da sua boca
você dentro de mim

sábado, 21 de janeiro de 2017

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017












estou com uma dor nas costas, que sinceramente não sei explicar, não sou 
dos mais jovens, mas também não tenho idade pra uma dor assim, já faz 
alguns dias, e não passa. as vezes parece que a dor flui das costas para a 
caixa torácica e se estende ao peito, entre os pulmões. sinto que o ar que 
inalo não cabe mais em mim. o vento parece carregar em si o peso das 
instabilidades e angustias da vida que me cerca, respirar está acabando 
comigo, me tornei um fumante passivo dos problemas do mundo. parece 
que estou morrendo, mas nunca morro.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017






eu quero a sorte de um amor 
que bagunce a minha vida 
com sabor de pizza amanhecida

nós na calmaria de um furacão
cheios de instabilidades
mas sem soltar as mãos
ser teu cigarro e tua bebida
todos os porres que aguentarmos nesta vida.

sábado, 13 de agosto de 2016

sexta-feira, 12 de agosto de 2016





quantas camadas de pele
não perdi dos lábios
imaginando que você já vinha

quantas vezes 
não limpei a casa
coloquei tudo em ordem
troquei os lençois
acendi um incenso 
aquele seu preferido

e você 
não vinha.

terça-feira, 12 de julho de 2016







se é para cumprimentar dando beijinho
me beija com vontade

estou cansado
de levar bochechadas.

segunda-feira, 13 de junho de 2016





o por do sol 
entrou pela janela 
e pousou 
sobre a conta de luz e aluguel 
coladas na parede 
refletindo a existência.

domingo, 5 de junho de 2016






gostava de natureza
ar puro
plantas
e animais.

mas só em feriados
sábados e domingos

não suportava mais de três dias
sem respirar poluição
ouvir o barulho de caos
sentir o cheiro de gordura
das lanchonetes que frequentava
esbarrar em pessoas que andam lentamente
pelas calçadas das lojas em promoção
se intoxicar de fast-food
e assistir pela janela do ônibus
o pior seriado que já acompanhou
o da vida moderna

segunda-feira, 11 de abril de 2016






gostava de abismos
buracos negros
ondulações gravitacionais
galáxias infinitas
em olhares dispersos
se perdeu 
entre o vão do sentimento
e a palavra que o define.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016





adoro aquela barriguinha
que mais cedo ou mais tarde
se formará entre o umbigo e a púbis
principalmente, se você estiver sentado

gosto dela
pois é insistente
resiste a chás, dietas, detox, flexões
corridas, personal trainer
e toda a teimosia humana

é cheia de história
charmes e cócegas
e pode ser pega num beliscão

me faz lembrar que todos
somos iguais
mesmo fugindo
seremos sempre essa espécie
barrigudinha.

sábado, 9 de janeiro de 2016





carregava no rosto
todas as incertezas
de um final de mês

e na alma
o equilíbrio
entre o sei lá
e o talvez.

terça-feira, 6 de outubro de 2015




o cansaço
vem roubando
os sonhos de mim
cada dormida é um apagão
sem sonhos ou pesadelos
apenas um imenso vazio
escuro e reconfortante
de estar em queda livre
sem céu, sem chão
longe de tudo, longe do mundo
quem precisa de sonhos
quando se tem o vazio?

sábado, 19 de setembro de 2015




sentia-se envelhecer mais rápido que todos
aos 18 anos, dizia ter mente de 30
coluna de 60 e humor de 70
aos 25 era tão ranzinza 
quanto um idoso de 80
orgulhava-se disso
e seu corpo caminhava mesmo aos 30
mas sua alma já havia falecido
motivo? envelhecimento precoce.

terça-feira, 8 de setembro de 2015



os históricos de pesquisas no google
também podem ser poesias:

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sexta-feira, 7 de agosto de 2015



é comum ao ser humano
em algum momento da vida
dançar a dança da indecisão
aquele momento em que
frente a outra pessoa
você fica preso num pequeno zig zag
ambos vão a esquerda
ambos vão a direita
até que alguém erra o rumo
e o desencontro vira liberdade
o que não é comum, mas pode acontecer
é que esse forró dois pra lá dois pra cá
aconteça numa faixa de pedestre
com famigerados automóveis
vindo em direção aos bailarinos
que sorriem um ao outro
como quem sorri de nervoso
enquanto a morte se aproxima
a exatos 80km/hora.

domingo, 2 de agosto de 2015



trocávamos silenciosos olhares
parecia um novo idioma, só nosso
ou sei lá, telepatia mesmo
a gente se entendia muito
a gramática e a sintaxe 
do correr dos seus olhos
me permitia ler coisas como
quando queria que tirasse sua roupa
e juntos fossemos só um
quando explodindo em iras internas
ainda carregava um sorriso no rosto
ou quando chorava para dentro 
todas as lágrimas de um dia difícil
até quando estava com fome
dava para ler em seu olhar
faltava palavras 
sobravam essas divagações.

terça-feira, 21 de julho de 2015

você foi apenas um "também"
de passagem por vidas alheias
explico:


como eu gosto de você!
- também!
saudades suas
- eu também.
queria você aqui comigo
- eu também.
nosso sexo é tão bom
- também acho.
vamos fazer algo diferente esse fds?
- também queria, mas o que?
estou nos sentindo tão distantes
- também percebi isso
acho melhor a gente dar um tempo
- também
adeus
- também.

sábado, 4 de julho de 2015

o setor são domingos
faz jus ao nome de santo
sobra igreja
falta igualdade social
no vale dos sonhos
85% dos sonhos acabam 
em mão de obra barata
shoppings e subempregos por aí
dizem que no bairro feliz
é perigoso andar na rua 
após o anoitecer
já na vila mutirão 
ninguém se ajuda
é cada um por si
não da nem pra saber o nome do vizinho
a vida não deixa
o setor fama
polo industrial da moda
é também famoso 
pelos desconhecidos costureiros
que as confeccionam 
já o jardim nova esperança 
o nome diz tudo
esperança.

domingo, 24 de maio de 2015

sabia que havia algo de especial nela
todas as vezes que iam ao mercado
das poucas compras que faziam
observava ela ensacar
maçã verde com álcool em gel
legumes com shampoo, leite com arroz
e nutella com guaraná
estranhamente via nisso um bom sinal
logo ele, que era pessimista em tudo.  

quarta-feira, 6 de maio de 2015


me desculpem os tropeços
confesso, não estou habituado
a ter a idade que tenho
quando estou me acostumando
a vida vem 
e me consome 
mais um ano. 

terça-feira, 10 de março de 2015

domingo, 8 de fevereiro de 2015

respeite
a solidão alheia
e todo o silêncio
que vem de dentro
da mesma forma
respeite
o excesso 
respeite
o momento
o motivo
respeite
o que vem do outro.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

vi um casal de idosos 
andando de mãos dadas
a coisa mais fofa
suspirei, pensei, caraca, que lindo
mas isso nunca vai acontecer comigo.


assim como um cientista 
que arrisca testar 
o seu novo experimento
em si mesmo
a ponto de assumir 
o risco da descoberta
ou da morte
é o poeta
e sua poesia
espelhada no universo 
do seu dia a dia.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

não sou vingativo
mas sempre que uma muriçoca 
me rouba o sangue
devolvo no tapa.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

a gente acostuma tanto
a ficar sozinho
que quando aparece alguém
querendo cuidar da gente
a gente estranha.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

fico pensando
como seria a vida
se enviássemos aquelas mensagens
que escrevemos e reeditamos para enviar
e que as vezes nem enviamos ?

domingo, 19 de outubro de 2014

as vezes fujo da vida
como uma noiva
que chega atrasada ao próprio casamento
e percebe que todos aqueles juramentos
são uma grande cilada
e sai da igreja correndo
soluçando e chorando
de tanta alegria.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

hoje estava reorganizando meu quarto
desde de que você foi embora
não tive coragem de mexer nas suas coisas
nas nossas fotos, presentes e mimos 
deixei tudo como sempre esteve
mas hoje de madrugada
senti que precisava arrumar esse quarto
dizem que o quarto reflete a vida da gente
o meu está uma bagunça
fui retirando de gavetas, prateleiras
guarda roupas, bolsas e mochilas
tudo o que já foi nosso
e não nos representa mais
olhando assim
ficou um enorme vazio
mas dessa vez me sinto contente
porque esse vazio não é mais em mim
ficou apenas nas prateleiras e móveis do quarto.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

sempre que ficava só
deixava uma música tocando
para não ter a sensação
de estar sozinho.
as vezes me sinto
igual uma folha 
que após se soltar da arvore
vai de acordo com o vento
voando rumo ao chão
num voo lindo e breve

para alguns, outono
para outros, suicídio

para a folha
foram cinco segundos 
da melhor viagem de sua vida.

sábado, 4 de outubro de 2014


não importava qual fosse a ferida
na pele, no peito, na alma
nunca conseguia parar de cutucar
sempre arrancava as casquinhas
e atrapalhava a cicatrização natural das coisas
gostava de sentir aquela dor 
que mais se parecia uma cosquinha 
até tentava se controlar
mas já era tarde
estava viciado em arrancar 
as cascas de seus machucados.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

quase sempre
morria de medo
mas fingia que não
quase sempre
morria de amor
mas fingia que não
quase sempre
morria de tudo
mas era bom em fingir 
talvez a vida fosse isso.

terça-feira, 9 de setembro de 2014


olhar as pessoas nas ruas
ficar pensando como seriam elas
se estivessem nuas
apostar corridas imaginárias
quem chega primeiro naquele poste
eu ou aquele caminhão verde?
andar dois quarteirões
sem pisar em rachaduras das calçadas
contar silenciosamente
quantos passos andei de casa até o trabalho
quantos segundos aguento sem respirar?
quantos segundos sem piscar os olhos?
ainda bem que ainda não fiscalizam pensamentos
se não poderiam achar que sou doido

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

nós temos na língua portuguesa
mais de 400 mil palavras
eu não consegui usar nenhuma delas
pra evitar que você fosse embora.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

amo o centro 
e sua diversidade
prédios novos, antigos
pessoas do curitiba três ao marista
becos, mendigos e polícia
vendedores de frutas, churros e espetinho
chips da tim, oi, vivo
ruas cheias, ônibus cheios
fachadas, letreiros, panfletos
compra-se ouro, amolam-se alicates
mil e uma lojinhas de um e noventa e nove
conversas fiadas em botecos fuleiros
uma desordem total, que nem a vida mesmo
e depois das vinte horas
só o vento passeando sozinho
pelas ruas e avenidas
da até dó, eu até ficaria 
pra fazer companhia pro vento
mas eu não moro no centro
o centro é que mora em mim.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

e a previsão
da falta de tempo
para hoje
são de:

pancadas
de pessoas
adiando o dia
odiando o dia

chuva de granizo
do lado esquerdo
do peito

correntes de pensamento
que chegam a atingir
500km/hora

e massa de ar frio
após o expediente.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

é curioso
como tudo acontece
de forma rápida e leve
a gente nem percebe
e já está adulto
olhando para trás
pensando em tudo
ao nosso redor
sentindo falta
mirando o futuro
com braços trêmulos 
de quem teve um dia cheio
e por alguns instantes
tudo parece instigar
a carência estranha
que não da pra suprimir
com nada que vejo por aí
parece que a fuga 
tem que ser outra
mas qual? 
se já tentei fugir 
e cada vez mais
corro pra dentro de mim.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

de nada adiantou
a dureza na alma
e todos os nãos 
que soltava
no final 
sempre se entregava

de nada adiantou
todos os caminhos
se não chegou 
a nada

de que adiantava 
o mundo
se não podia tê-lo 
num segundo

pra que isso tudo?
estou só de passagem
vou apreciar
mais a vista

pode ser que eu fique
talvez eu vá
não sei
depende.